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Estrelas Além do Tempo

Atualizado: 9 de mar. de 2020

A luta de mulheres negras pelo seu espaço em um mundo dominado por preconceitos.


Guerra Fria, década de 60 e uma disputa acirrada entre Estados Unidos e União Soviética de quem vai ser o primeiro a conseguir levar um de seus homens para o espaço. Este é o cenário em que se passa Estrelas Além do Tempo (Theodore Melfi, 2016), mas ao contrário de outras narrativas do mesmo contexto, o foco são as figuras que foram responsáveis pelos grandes feitos da NASA na corrida espacial, mas que na época tinham que lutar para mostrar que eram tão capazes (ou até mais) quanto os homens brancos de terno e gravata que dominavam o local.


O filme, inspirado em fatos reais, tem como protagonistas Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), mentes brilhantes que não possuíam a devida valorização nem oportunidades de crescimento no trabalho simplesmente pelo fato de serem mulheres e negras. E é justamente a partir desse ponto que a história começa a se desenrolar, mostrando o dia a dia de trabalho das amigas em um departamento destinado apenas às mulheres negras que são chamadas de "computadores" e sua função é realizar cálculos para seus superiores.


Com a implementação de novas tecnologias dentro da empresa espacial e uma pressão cada vez maior do governo por conta dos avanços soviéticos, essas mulheres mesmo com todos os obstáculos machistas e de segregação não se deixam abater e mostram suas habilidades e esforços para poder atuar onde sonham.


Outro lado bem abordado na trama é o cotidiano das personagens, não deixando de mostrar mesmo que de forma mais sutil as perseguições sofridas e as manifestações do movimento negro em busca de igualdade. Isso sem deixar o lado otimista, representado por diálogos leves e apresentação de confraternizações e retratos de momentos com suas famílias.


"Não se solicita liberdade. Liberdade nunca é dada aos oprimidos. Precisa ser conquistada, tomada."

Quanto ao aspecto técnico, pontos fortes que se destacam são as escolhas dos figurinos, onde é possível ver a escolha de cores mais vibrantes nas roupas e maquiagem das personagens negras, destoando do tom mais neutro das vestimentas das brancas, sem deixar a elegância de lado. Outro ponto é a trilha sonora cativante, que com músicas com ritmos levados mais para o jazz possuem um poder de atrair o espectador ainda mais para a trama e se contextualizar mais na década retratada, valendo ressaltar que a origem do estilo musical tem suas raízes no povo afro-americano.


Algo que pode não agradar muito o público é a postura de Paul Stafford, um dos superiores de Katherine na história, interpretado por Jim Parsons, e que a personalidade e o modo de agir lembram bastante o personagem Sheldon Cooper, também interpretado pelo mesmo ator na série The Big Bang Theory. Apesar de isso apenas ser relevante para aqueles que também estão familiarizados com o seriado e não ser um ponto crucial que abala a qualidade da obra.


Estrelas Além do Tempo, portanto, é um filme que cumpre bem seu papel ao contar as narrativas de personagens tão importantes tanto para avanços científicos quanto para a luta por igualdade de um povo oprimido. Sua mensagem é bem clara de que as habilidades dos indivíduos nada têm a ver com suas condições de gênero ou raça, e que aqueles que são subestimados por essas questões podem surpreender quando conquistam seu espaço para mostrar do que são capazes. É um filme que mesmo tratando de questões sociológicas podendo ser consideradas um pouco complexas, é recomendado para qualquer faixa etária já que sua abordagem é leve e inspiradora para muitas mentes.





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